3.1 Desconcentração da pós-graduação

Entre 1996 e 2017, houve grande expansão do número de titulados em todas as regiões brasileiras. Contudo, a titulação de mestres e doutores nas regiões de menor tradição na pós-graduação cresceu muito mais rapidamente que a média nacional e houve uma extraordinária desconcentração espacial da pós-graduação brasileira.

Nesse período, a região Sudeste perdeu 20 pontos percentuais em sua participação na distribuição proporcional dos títulos concedidos por programas de mestrado e 32 pontos percentuais na proporção de títulos de doutorado concedidos no Brasil (gráfico 3.1). As demais regiões aumentaram significativamente suas participações relativas no número de titulados.

O gráfico 3.1 evidencia a persistência de graus de concentração espacial que devem ser relativizados, pois não levam em consideração a distribuição populacional entre as regiões. Por isso, é importante analisar o número de títulos concedidos em cada região como proporção de suas respectivas populações (gráfico 3.2)

Percentagem de títulos concedidos por região, 1996 e 2017

Em números absolutos, São Paulo foi responsável pela formação de cerca de 22% dos mestres titulados no Brasil no ano de 2017. Quando se verifica que, nesse mesmo ano, a população que morava no Estado de São Paulo também era de aproximadamente 22% da população brasileira, infere-se que os números de mestres titulados, por grupo de 100 mil habitantes em São Paulo (31) e no Brasil como um todo (30) foram muito similares (gráfico 3.2). Espírito Santo e Mato Grosso também estavam muito próximos da média brasileira, enquanto o Distrito Federal se destacava com um número relativo de mestres titulados (59) próximo do dobro da média nacional (30).

No ano de 1996, 8 unidades da Federação (UF) titularam um número de mestres por 100 mil habitantes igual ou próximo de zero. No ano de 2017, essas mesmas unidades da Federação apresentaram avanços muito significativos na titulação de mestres por 100 mil habitantes. O Mato Grosso do Sul teve o avanço mais extraordinário. Titulou apenas 0,7 mestres por 100 mil habitantes em 1996, e passou a titular 31 em 2017, o mesmo que SP.

No ano de 1996, a média nacional de doutores titulados por 100 mil habitantes foi de apenas 2 doutores, sendo que 20 unidades da Federação titularam número de doutores por 100 mil habitantes igual ou próximo de zero. No ano de 2017, todas essas UF titularam 1 ou mais doutores por 100 mil habitantes, sendo que algumas delas apresentaram crescimento extraordinário. Esse foi o caso de Paraná, Rio Grande do Norte e Paraíba que titularam 11 doutores por grupos de 100 mil habitantes em 2017, índice superior à média nacional.

É interessante notar que, no ano de 2017, o desempenho alcançado pelo Distrito Federal, 20 doutores por 100 mil habitantes, é idêntico ao da França e próximo ao dos Estados Unidos (22), assim como o de São Paulo é idêntico ao da Itália (16). Ver gráfico 1.3 (sessão 1.3 Títulos como proporção da população).

Número de títulos concedidos por 100 mil habitantes, Brasil e Unidades da Federação, 1996 e 2017
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