6.8 Remuneração por sexo

No ano de 2017, a remuneração mensal média de mulheres era 27% menor do que a de homens entre os mestres e 14% entre os doutores. Essas diferenças mantiveram-se praticamente estáveis no período 2009-2017.

O número de mulheres tituladas em programas de mestrado e de doutorado era tradicionalmente menor do que o de homens. Essa situação se inverteu, no caso dos mestres, a partir do ano de 1997 e, no caso dos doutores, depois do ano de 2003. Contudo, pelos dados de 2009 a 2017, não é possível perceber qualquer sinal de que poderia haver sequer uma tendência de diminuição das diferenças de remuneração entre homens e mulheres mestres ou doutores no Brasil (gráfico 6.10).

Em 2017, as remunerações médias dos mestres eram R$ 12.768 para os homens e R$ 9.383 para as mulheres. Para os doutores, as remunerações médias foram R$ 17.481 e R$14.957, respectivamente, para homens e para mulheres. A remuneração mensal média de mulheres era, portanto, 27% menor do que a de homens entre os mestres e 14% entre os doutores. Tais diferenças mantiveram-se praticamente estáveis no período 2009-2017.

Diferença entre a remuneração mensal média de mulheres e homens no Brasil, 2009-2017 (%)

As diferenças de remunerações mensais médias de mestres e de doutores mulheres em relação às dos homens são menores nas grandes áreas do conhecimento que apresentam as mais baixas remunerações e muito maiores nas grandes áreas que apresentam as mais elevadas remunerações.

Não há nenhuma grande área do conhecimento nas quais as mulheres mestres ou doutoras recebiam remuneração mensal média no ano de 2017 igual ou superior à dos homens (gráfico 6.11). As duas grandes áreas nas quais era menor a diferença de remuneração entre homens e mulheres – Linguística, letras e artes e Ciências humanas – estão entre as grandes áreas que apresentaram as mais baixas remunerações mensais médias de mestres e doutores, como visto em seção anterior. Ciências agrárias, Ciências sociais aplicadas e Engenharias, que são as grandes áreas com as mais elevadas remunerações mensais médias de mestres e de doutores em geral, também são as grandes áreas nas quais as remunerações de mulheres mestres ou doutoras apresentam as maiores defasagens em relação às remunerações de seus pares que são homens.

Diferença entre a remuneração mensal média de mulheres em relação à dos homens por grande área do conhecimento, 2017 (%)

Entre mestres e doutores, as mulheres recebiam em média respectivamente menos 12% e menos 9% do que os homens empregados na atividade econômica Educação no ano de 2017. Nessa atividade ocorriam as menores diferenças entre as remunerações de mulheres e de homens. A atividade Administração pública, defesa e seguridade era a que apresentava as mais elevadas diferenças de remunerações entre mulheres e homens. Nessa grande área, as diferenças em desfavor das mulheres eram de menos 31% para mestres e de menos 33% para doutores.

As diferenças das remunerações das mulheres em relação às dos homens com títulos de mestrado e de doutorado também variam significativamente em função dos setores de atividade econômica nos quais estão empregados (gráfico 6.12).

As instituições ou empresas podem ser classificadas em 21 seções no nível mais agregado da Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0. Contudo o emprego de mestres e doutores é muito concentrado em algumas poucas seções dessa classificação. As 5 atividades econômicas - seções da CNAE - que mais empregam mestres e doutores são Educação, Administração pública, defesa e seguridade; Saúde humana e Serviços sociais; Atividades profissionais, científicas e técnicas e as Indústrias de transformação. Essas 5 atividades econômicas absorveram 87% dos mestres e e 96% dos doutores brasileiros que estavam empregados em 2017. As diferenças entre a remuneração de mensal média de mestres e doutoras mulheres em relação às dos homens nessas 5 atividades são representadas no gráfico 6.12. 

As diferenças na remuneração das mulheres em relação às dos homens que possuem títulos de mestrado ou de doutorado são menores no setor Educação. Nesse setor as mulheres mestres receberam em média menos 12% do que os homens com mestrado empregados no ano de 2017, enquanto que tal diferença foi de apenas 9% no caso dos doutores. As diferenças são maiores na Administração pública. As mulheres mestres empregadas nesse setor receberam em média 31% menos que os mestres homens, enquanto que essa diferença foi de 33% para os doutores.

Diferença entre a remuneração mensal média das mulheres em relação à dos homens nas 5 seções da CNAE que mais empregam mestres e doutores e na média de todas as atividades, 2017 (%)

O Sudeste e São Paulo eram, em 2017, a região e a unidade da federação nas quais as mulheres mestres e doutoras recebiam as remunerações mais reduzidas em relação às de seus pares homens.

Entre os mestres e os doutores, as mulheres receberam no ano de 2017 remunerações significativamente inferiores às dos homens no Brasil como um todo e em cada uma das regiões brasileiras (gráfico 6.13). Tais diferenças de remuneração eram muito mais elevadas entre mestres do que entre doutores.

A região Sudeste é aquela que apresentava a maior diferença entre as remunerações de mulheres e homens mestres e doutores no ano de 2017 e a região Norte é onde tais diferenças são menores. Na região Sudeste as mulheres mestres recebiam em média 17% menos do que os homens com a mesma titulação. No caso dos doutores, a diferença na mesma região era de 29%.

Diferença entre a remuneração mensal média de mulheres em relação à dos homens por região e no Brasil, 2017 (%)

As remunerações de homens e mulheres com títulos de mestrado e de doutorado apresentaram grandes variações entre as diferentes unidades da federação brasileira no ano de 2017 (gráfico 6.14). As diferenças percentuais entre as remunerações de homens e mulheres com títulos de mestrado e de doutorado chegaram a variar 16 pontos percentuais entre as unidades da federação que apresentaram as maiores e as menores diferenças.

O estado de São Paulo é a unidade da federação onde as mulheres, que possuem títulos de mestrado e de doutorado, eram remuneradas pelas mais baixas proporções das remunerações dos homens que possuem as mesmas titulações. Entre os empregados em São Paulo, mestres mulheres recebem em média 31% menos do que os homens. Tal diferença entre os doutores é menor, mas chega a 20%. A menor diferença na remuneração das mulheres mestres ocorre no estado de Alagoas, onde ela é de apenas 15%. Entre doutores a diferença é menor no estado do Pará e seu valor é de apenas 4%.

Diferença entre a remuneração mensal média de mulheres em relação à dos homens por Unidade da Federação e no Brasil, 2017 (%)